Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil
A
representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, alertou
para a ausência de mulheres nos novos ministérios, anunciados hoje (12) pelo
presidente interino Michel Temer. Depois de um corte de 32 para 22 gabinetes,
tomam posse nesta quinta-feira (12) os novos ministros, todo homens, indicados
por Temer, para compor a nova base do governo.
Desde a
ditadura militar, quando a primeira ministra foi nomeada, no início da década
de 1980, esta é a primeira vez que um presidente não indica uma mulher para os
gabinetes.
“Não ter
mulheres significa perder, pois metade da população não está representada,
nesse governo, nessa junta executiva”, advertiu Nadine, alertando para
prejuízos com a ausência de paridade. “A possibilidade de perdas de políticas
públicas, dos avanços, da [possibilidade de] ir além do que normalmente está
sendo visto por só uma parte da população, é muito grande”, disse a
representante. Ela participou de evento no Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, que aderiu ao movimento HEFORSHE, de defesa da igualdade e do
empoderamento das mulheres.
De acordo
com Nadine, pesquisas mostram que a presença de mulheres nos governos e nos
conselhos de administração das empresas privadas de, pelo menos 30% do corpo
diretivo, significa ganhos de eficiência, de rentabilidade e de melhoria do
ambiente de trabalho.
Com as
mudanças políticas no Brasil, ela cobrou que políticas públicas não sejam
interrompidas e defendeu que a institucionalidade da agenda das mulheres, por
meio da atuação de secretarias e ministérios é um avanço mundial, sugerindo que
as pastas não sejam extintas.
A
representante da ONU Mulheres disse,
contudo, que é cedo para fazer análises sobre o governo Temer e que aposta na
manutenção da preocupação com os direitos humanos no país.
“Ainda não
conhecemos o novo governo. Temos que esperar e ter confiança que qualquer
governo vai fazer políticas, vai dar orçamento, vai ter um posicionamento em
favor dos direitos das mulheres”, afirmou, citando avanços, nos últimos 20
anos, como a diminuição da pobreza e de enfrentamento à violência, como a lei
de combate ao assassinato de mulheres.
No combate
à violência, Temer é reconhecido por ter criado a primeira delegacia de defesa da mulher, em
São Paulo, quando foi secretário de Segurança Pública, em 1985.
A meta da
ONU Mulheres é trabalhar para acelerar a igualdade entre homens e mulheres,
que, no ritmo atual, levaria mais de 70 anos. Com a promoção de oportunidades,
a organização defende que a governança, no mundo, seja dividida igualmente
entre homens e mulheres. Sem a paridade, argumenta Nadine, ações para o
desenvolvimento ficam prejudicadas.
“Está
demonstrado, no mundo todo, que tem que ter, em todas as instâncias de poder,
representação da sociedade”, defendeu. A diversidade, segundo ela que também é
médica e doutora em políticas para a saúde, garante melhorias em políticas
públicas para os mais pobres.
Procurada,
a assessoria do presidente interino não comentou o perfil do novo ministeriado.
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